Estando com uma amiga sentadas numa esplanada, algures em Lisboa, a beber um café, derivado à proximidade, não pude deixar de ver e ouvir, que numa mesa ao lado, se encontravam duas jovens amigas, e uma delas dizia para a outra: Sabes C … ontem à noite, o meu namorado, queria fazer amor comigo. Mostrou-me inclusive uma caixa de preservativos que havia comprado.
Perante a minha recusa, por não estar a fim, diz-me: Não tenhas receio que não vou usar em ti a prática do stealthing. Sabes amiga: fiz-me desentendida mas não percebi o que é que ele queria dizer com aquela cena do stealthing. Sabes o que é? - Não, respondeu a amiga.
Acto continuo, levantaram-se, despediram-se, com um até amanhã, tendo aquela que se chamava C … num tom quiçá jocoso, dito para a amiga: » Olha, tem cuidado com o stealthing, seguindo o seu caminho, rindo com gosto.
Saí daquele local, pensando na conversa das raparigas, dizendo para comigo: - A verdade é que toda a gente sexualmente ativa devia/deve ter cuidado com a prática do stealthing.
Mas afinal no que consiste essa prática? Existe ou não existe?
Sim, existe. O vocábulo stealthing, deriva da palavra inglesa “steal”, a qual significa roubar. Em português, numa tradução livre, significa “dissimulação, desfaçatez no uso”, entre outros termos análogos. Ou seja:
- - - ""stealthing, é o ato de um parceiro, secretamente, remover o preservativo, imediatamente antes, ou durante o ato sexual, quando o outro parceiro, só havia admitido ter relações sexuais mediante o uso desse, numa clara intenção da prática de sexo seguro "".
Esta prática tem cada vez mais adeptos entre os jovens, nomeadamente dentro da comunidade Gay, bem como, numa relação ocasional homem/mulher É uma prática extremamente perigosa, pois pode existir o perigo da existência de contágio de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), ou até de uma gravidez completamente indesejada.
Até hoje, que se saiba com certeza absoluta, somente um individuo de nacionalidade francesa, foi condenado, em 2016, na Suíça, pela prática do stealthing, tendo o tribunal considerado a existência de ESTUPRO/VIOLAÇÃO, visto que a relação praticada não tinha acontecido da forma que havia sido combinado com a parceira.
A Lei portuguesa nunca condenou ninguém por esta ação que muitos consideram delituosa, ou seja, crime.
Embora seja difícil de provar, a verdade é que, muitos juristas são de opinião que tal facto, sendo provado, se pode enquadrar, nos conceitos de: » Estupro, Agressão sexual, Violência sexual e/ou Perigo de contágio venéreo.
Que eu tenha conhecimento, em Portugal, ainda ninguém foi condenado por esta prática, talvez por nunca ter existido, ou a existir, não ter sido feito queixa, sobre essa matéria, razão pelo qual, não existe assim jurisprudência que a ateste, e daí, ainda não se encontrarem previstas medidas criminais para essa situação.
Assim, nada melhor que, a parceira ou parceiro passivo, seja a/o própria/o a colocar o preservativo no parceiro activo, ficando o mais atento possível ao comportamento desse, se possível de forma a estar sempre a ver o pénis, mudando inclusive de posição, caso esteja de quatro, ou deitada/o de costas estando o activo deitado sobre si, a fim de não ser surpreendida/o por uma situação, tanto de desagradável, como de altamente perigosa para a sua saúde.
Antes da relação acontecer e desde que se queira o uso do preservativo, devem os intervenientes, falar abertamente um com o outro, de forma a não haver dúvidas que, a relação sexual, só vai acontecer se se fizer uso do dito preservativo, o qual, nunca pode ser retirado durante todo o tempo que dure a relação.
Existe também dentro da área jurídica quem insira a prática da retirada do preservativo, como sendo uma quebra de contrato, antes "assinado", embora de forma verbal, na área sexual, pelo que, admitem que sejam informadas as autoridades, sobre o facto dessa quebra, por parte do sujeito activo.
Deve também, caso seja vitima dessa acção (steathing = dissimulação) fazer de imediato testes de DSTs, antes de voltar a ter relações sexuais, pois só assim se previne o risco de não contaminar outro alguém, caso tenha sofrido essa enfermidade.
Todas as pessoas devem ter a consciência – infelizmente ainda existe quem faça da maldade, estilo de vida - que a prática sexual deve ser sempre um prazer, ser desfrutado como tal, razão pelo qual, é essencial tomar medidas de prevenção que torne o sexo belo e bom, numa atividade normal, prazerosa, e sem qualquer grau de preocupação, tanto psicológica como física.
A palavra é sua.
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